A mídia e o fim da CPMF

“A maior derrota do Governo Lula”, veio com sabor de vitória para a mídia brasileira. Muitos jornais não conseguiram esconder seu ar de contentamento nas matérias publicadas na manhã desta quinta-feira (13), quando, ao final da contagem, a base aliada contabilizava 45 dos 49 votos necessários para prorrogar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). A mídia tem sua parcela de culpa, ou melhor mérito, na não aprovação da CPMF? Sim, ela tem.

Lembremos que o imposto foi criado em 1993, na época, a oposição formada em sua maioria por petistas e outros partidos “vermelhos” eram contra. Por três vezes, a contribuição foi prorrogada sob o silêncio da mídia brasileira.

Desta vez, a prorrogação foi um prato cheio para a imprensa. Os oposicionistas da época defendem a sua manutenção, enquanto os parteiros tucanos e aliados visam a sua extinção. A decisão do Governo Lula foi apresentada como uma questão ética pela grande mídia. Se eles não a queriam no passado, porque querem a CPMF agora?

Como numa conspiração perfeita, o agendamento do caos da saúde também colaborou com a queda do tributo na noite de ontem, em sessão dirigida pelo novo presidente do Senado, o potiguar Garibaldi Alves. O governo alegava que a saúde seria a área mais afetada com o fim da contribuição. A mídia, para lembrar e rechaçar a tentativa do governo em prorrogar o tributo para o bem-estar nacional, resgatava as matérias do agenda-setting da saúde, mostrando que com ou sem o imposto a saúde passa mal.

Depois da saúde, que não passa bem às vistas da mídia e da “opinião pública” ou publicada é o próprio Senado, no episódio brejeiro do senador alagoano Renan Calheiros. Nesta, a mídia nos dava a entender de que, como o presidente da Casa Legislativa é alido ao Governo Lula, esta era uma parte do governo. Se a credibilidade política não vai bem desde os tempos mensaleiros, agora despenca. A mídia investe na queda do senador e constrói a nova musa Mônica Veloso.

A mídia traz à tona o agendamento da CPMF também como uma responsabilidade do Senado Nacional em reprová-la, a fim de mostra sua independência em relação ao Governo Lula e como forma de resgate de sua credibilidade junto à “opinião publicada”.

Deixe um comentário